Há muitos jeitos de transmitir uma mensagem. Uns simplesmente falam o que querem dizer, e isso é o mais comum: "São dez horas". Outros falam uma coisa querendo dizer outra -- ou porque fica feio falar diretamente, ou porque querem dar espaço para o interlocutor se expressar também: "Imagina como seria bom ver um filme agora, Fulana".
Às vezes, a melhor forma de passar uma mensagem é dizer exatamente o contrário. Em lógica, isso é conhecido como reductio ad absurdum, ou prova por contradição: "Se eu acho que é bom beber e dirigir? É óbvio que sim. Gosto de receber multa, ser preso e atropelar gente".
Não é preciso ler Aristóteles para usar um argumento assim; a gente faz isso desde guri, pois é instintivo. É por esse motivo que eu finjo que essa declaração do goleiro Bruno, do Flamengo, é uma esperta homenagem no Dia Internacional da Mulher. Sim, pois ontem ele se saiu com uma pérola para defender seu amigo Imperador: "Quem nunca saiu na mão com uma mulher?"
Deixa que eu respondo. Muita gente nunca saiu na mão com uma mulher: aquela parcela que crê que porrada não é o melhor jeito de resolver problemas.
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Todo mundo tem o direito de pirar. Acho que ninguém, na situação de Adriano, conseguiria manter a calma e deixar a moça quebrar carro de quem não tem nada a ver com a briga dos dois. Não é da minha conta -- nem da de ninguém -- o que rolou entre o casal.
O que não entendo é como, depois de dias do ocorrido e de cabeça fria, alguém se queima desse jeito só para livrar o amigo. Some-se a isso a data comemorativa e o histórico nada favorável do goleiro.
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Eu não sou santo, e é justamente por isso que mantenho a vigilância em situações como essa. Mais do que mandar flores, hoje é dia de refletir. Valeu, Bruno.
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A todos, feliz Dia Internacional da Mulher.