Advogados processarão outros sites de vídeo
Valor OnLine - São Paulo
09/01/2007
A batalha Cicarelli versus YouTube não deverá se restringir à empresa de compartilhamento de vídeo comprada pelo Google. Segundo os advogados responsáveis pelo caso, outros sites que têm veiculado o tal vídeo gravado também serão alvo de processos.
Se de fato a decisão for levada adiante, o que não faltará são ações judiciais, como pode-se concluir a partir de uma simples busca feita no próprio Google. Basta realizar uma pesquisa pelo nome da modelo brasileira para que centenas - ou milhares - de links saltem na tela indicando onde assistir às cenas de Cicarelli com seu namorado. Atualmente, o próprio YouTube é alvo de alguns sites "clones" destinados apenas à exposição de conteúdo adulto - como o "PornTube" ou o "PornoTube" - páginas onde o internauta também pode encontrar o vídeo.
A decisão da Justiça de retirar o YouTube do ar tem causado inconformismo entre alguns usuários do site de vídeos. No endereço www.boicoteacicarelli.com, um internauta que responde apenas pelo nome "Mestre Kadosh" se revolta com a possibilidade do endereço eletrônico ficar inacessível no país. "É mais fácil tirar a Cicarelli do ar do que ela nos tirar! Boicote já!!!", informa o site, defendendo um "Brasil sem censura".
No endereço eletrônico, em meio a centenas de comentários, o autor pede para que os internautas não assistam mais a programas de TV feitos pela modelo, e nem comprem produtos anunciados por Cicarelli até que ela desista de bloquear o YouTube.
Para o advogado Renato Opice Blum, especialista em crimes eletrônicos, a polêmica sobre a proibição mostra "uma colisão" de direitos, já que, por um lado, a Justiça garante a preservação da privacidade (no caso da apresentadora Daniela Cicarelli e seu namorado), mas, por outro, também não permite censura a qualquer tipo de informação.
Opice Blum afirma que "há um limite tênue" entre esses dois direitos que acabou levando o desembargador Ênio Santarelli Zulian, do Tribunal de Justiça de São Paulo, a determinar o bloqueio a todo o site. "A decisão partiu do descumprimento de uma ordem judicial anterior", lembra ele, já que os advogados da apresentadora e de seu namorado já haviam solicitado, em nome de sua privacidade, a retirada daquele vídeo do ar.
O problema é que milhares de internautas puderam fazer o download das imagens e armazená-las em seus próprios computadores e, a partir deles, distribuir pela internet mais uma vez. Por isso, os provedores e especialistas acreditam que a medida atual seja inócua.
Na avaliação do advogado, "uma saída [para a polêmica] seria estabelecer multas ao YouTube e a quebra do sigilo de alguns dos internautas que estão distribuindo esse tipo de conteúdo", de forma a evitar o bloqueio total dos brasileiros ao site. (AB e TF)
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